Os hábitos de sucção e de morder objetos fazem parte da fase oral da criança em desenvolvimento. A oralidade é o ato mais primitivo do desenvolvimento da personalidade do indivíduo e baseia-se no fato do interesse e prazer infantis de concentrarem-se na boca.
A sucção é um reflexo primitivo, inato e fisiológico de grande importância para a sobrevivência dos bebês, sendo fundamental nos primeiros meses de vida, pois permite a amamentação. É também a forma como a criança se comunica com o mundo, suprindo suas necessidades psicoemocionais de amor, segurança e bem estar.
Essa atividade neurológica e natural inicia-se na vida intra-uterina e permanece até cerca do oitavo mês de vida. Portanto, a sucção como função de nutrição não é tão prioritária a partir do oitavo mês de vida.
Nesse período ocorre a maturação do sistema mastigatório, além do surgimento dos primeiros dentes, devendo haver o estímulo da mastigação, que ao contrário da sucção, é aprendida.
A estimulação da mastigação faz-se pelo uso de alimentos de texturas e consistências diferentes, os músculos mastigatórios são estimulados pelos alimentos de maior consistência, pois o aumento de ciclos mastigatórios provocados por esses alimentos exercitam esses músculos.
A necessidade de sucção e a sensação de fome ocorrem juntas. Devem ser saciadas ao mesmo tempo, permitindo que o bebê adormeça. Quando a necessidade de sucção do bebê não é satisfeita, a última alternativa é a chupeta. Só que passada a fase da necessidade de sucção, se o uso da chupeta é muito intenso, o hábito torna-se automatizado.
Os hábitos orais persistentes são classificados em nutritivos e não nutritivos. O hábito da chupeta é não nutritivo, assim como: chupar dedo, lábios e onicofagia; o da mamadeira é nutritivo, mas pode se tornar não nutritivo, com a criança segurando a mamadeira pelo bico. A mamadeira é considerada um hábito persistente, quando há recusa a passar para o copo.
As estruturas faciais em desenvolvimento na infância não seguem um padrão de crescimento genético imutável, pois as forças e estímulos ambientais modelam até um determinado limite a expressão genética.
Portanto, os hábitos de sucção persistentes podem deixar alterações na posição e na relação entre os dentes como nas estruturas musculares orais, alterando padrões de mastigação, fonação, respiração e deglutição.
As alterações oclusais mais comuns são: mordida aberta, mordida cruzada, sobremordida, mordida profunda.
A função da mastigação, que é aprendida por volta de 1 ano de idade, pode não ser totalmente desenvolvida. Além disso, os movimentos alterados de língua, provocado por estes hábitos podem influir ainda mais no desenvolvimento da maloclusão.
A abordagem dos hábitos orais persistentes, requer, muitas vezes uma estratégia multiprofissional para ser tratada. Envolve a fonoaudiologia, Pediatria, Psicologia, Odontopediatria, Otorrinolaringologia, Ortopedia e Ortodontia.
* Lúcia Coutinho
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